O que podem e devem pescar os pescadores portugueses, segundo o IPMA

(e outros organismos internacionais)
Publicação de Relatório anual 2018

Já é conhecido o Relatório Anual do IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I. P., sobre o Estado dos stocks em 2018 e aconselhamento científico para a sua gestão em 2019. Um relatório que colige dados sobre o estado das várias espécies explorados pela frota nacional do Continente, em águas costeiras e internacionais, e os aconselhamentos de gestão produzidos pelos organismos científicos nacionais e internacionais.
Sendo que para as espécies tradicionais da nossa costa como a ameijoa-branca ou o besugo, cabe ao Instituto Português a avaliação e aconselhamento; e para outras, cabe a outros organismos internacionais, como o ICES (Conselho Internacional para a Exploração do Mar), a NAFO (Organização das Pescarias do Noroeste do Atlântico) ou o (ICCAT Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico) de acordo com a incidência das espécies.

Pelo relatório podemos por exemplo observar que entre as 15 espécies costeiras avaliadas pelo IPMA, apenas o carapau-negrão, faneca e gamba-branca estão assinalados como estando tendencialmente a decrescer em termos de biomassa, e a conquilha está estável. As restantes 11 espécies tendem a crescer.

Relativamente aos aconselhamentos de gestão para cada uma das espécies podem conhecer-se em detalhe no Relatório, nomeadamente os diplomas legais produzidos para apoiar e orientar a gestão das espécies, com base, nalguns casos, na consulta às comissões de acompanhamento de algumas espécies.


Sobre os recursos nacionais escreve-se no relatório:
“A vasta maioria dos recursos pesqueiros nacionais são explorados pela frota da pequena pesca, composta por embarcações com comprimento fora-a-fora inferior a 9m, a qual representa mais de 70% da frota de pesca nacional. Apesar da sua elevada importância em termos culturais, sociais, económicos e ambientais, a pequena pesca tem merecido reduzida atenção a nível nacional, facto que se reflete na escassez de informação relativa a este tipo de atividade piscatória.


SARDINHA e BACALHAU
Relativamente à sardinha – tão tradicional nas nossas águas e gastronomia e tão fustigada nos últimos temos, mas cuja gestão é partilhada com a nossa vizinha Espanha – não obstante a tendência ser estável em termos de biomassa, o ICES, de que faz parte o grupo de trabalho responsável pela avaliação do stock, volta a aconselhar a captura 0. Clarifica o Relatório do IPMA com mais detalhe que este “aconselhamento científico não é baseado no plano de gestão acordado entre Portugal e Espanha (Plano de gestão para a pescaria da Sardinha – 2012-2015) porque o ICES considera que este plano não segue uma abordagem de precaução, uma vez que atendendo aos recrutamentos recentes não se considera estar garantida, com uma probabilidade elevada, a recuperação do stock…” para os níveis considerados sustentáveis.

Já o bacalhau, tem tendência para decrescer em termos de biomassa, e para a sua gestão é aconselhada redução de capturas nalgumas zonas: Mar de Barents e nas águas adjacentes (a norte da Noruega e da Rússia) (Zona ICES); sul do Mar do Labrador, e norte do Grande Banco da Terra Nova. E a proibição a sul do Grande Banco da Terra Nova. (estas últimas da responsabilidade da NAFO)


Notas Sobre o Relatório:
É levado a cabo pela Divisão Recursos Marinhos (DivRP) do IPMA, unidade responsável pelo acompanhamento do estado de exploração destes recursos.

“Os investigadores e técnicos da DivRP desenvolvem atividades de recolha e análise de dados de biologia e da dinâmica das espécies e sobre a atividade pesqueira decorrente da sua exploração comercial, o que permite proceder à avaliação do estado de exploração dos stocks e ao aconselhamento científico para gestão dos respetivos stocks e ainda contribuição científica para a definição de planos de gestão das pescarias.”


Relatório IPMA na íntegra aqui
Consultar: http://www.ipma.pt/pt/pescas/recursos/estado.recursos/index.jsp
Outras notícias: http://www.jornaldaeconomiadomar.com/26665-2/

Imagem retirada de Capa do Catálogo "As espécies mais populares do mar de Portugal, edição Ciência Viva
Imagem retirada de Capa do Catálogo “As espécies mais populares do mar de Portugal, edição Ciência Viva