Num processo eleitoral conturbado, foi a 15 de abril de 1984, que os cooperadores da Mútua vivenciaram momentos de tensão e de conflito, que levaram à suspensão da Assembleia Geral Eleitoral, que decorria na Voz do Operário.
Esta situação inusitada, ao que tudo indica previamente planeada, abre portas e serve de pretexto a uma intervenção governamental que decide, por resolução ministerial, de 10 de abril de 1984, nomear uma Comissão Administrativa para marcar e fazer o devido acompanhamento do novo acto eleitoral. Tudo isto é colocado em marcha sem que ninguém recebesse nenhuma comunicação prévia, nem o presidente da AG em exercício, João Carlos Raposo de Almeida (Sines), nem tão pouco o Instituto de Seguros de Portugal.”
Este episódio fraturante da vida da Mútua, é evocado em artigo no Jornal da Voz do Operário, pelo Presidente da Mútua, João Delgado, com base nos testemunhos de Jerónimo Teixeira, atual Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Presidente do Conselho de Administração anterior, e Director-Geral da Mútua durante 34 anos, e José António Amador, membro da Direção à época e Presidente em diversos mandatos.
A 29 de julho desse ano, decorreram então novas eleições, com mesas eleitorais em todos os Portos de Pesca, controladas pelos Capitães dos Portos, tendo a seção de voto de Lisboa, funcionado também na Voz do Operário.
O processo de contagem de votos, com intervenção da Comissão administrativa, só ficou concluído em dezembro de 1984.
Um processo que o dirigente da Mútua, Frederico Pereira, falecido em 2023, descrevia como sendo algo “que nunca mais acabava” …
Um reconhecimento que “não ficou isento de recomendações e sugestões à conduta e ao funcionamento” da instituição.
Um episódio que ficou na história da Mútua como uma ingerência governamental e um “entorse” na sua vida democrática, algo incompreensível numa instituição que atravessou uma ditadura, fortaleceu a sua dimensão mutualista e associativa com o 25 de Abril, e manteve um crescimento sólido e sustentável até aos dias de hoje. Quando se celebram 50 anos do 25 de abril, estes acontecimentos mostram também a resiliência desta organização.
Ler o artigo na íntegra aqui (edição n.º 3125, abril 2024, do Jornal “a Voz do Operário”)