Nova Edição da Marés, número 90, em circulação!
A nova edição da Marés destaca um dos problemas mais prementes do setor da pesca, que é a instalação de eólicas no mar, numa extensão de mais de 3000 km2 ao longo da costa, que põe em causa as zonas de pesca, questionando-se a pertinência desta estratégia em nome da sustentabilidade.
No Editorial, assinala-se o contexto complexo que se vive, no plano internacional, com as guerras que assolam o mundo, e no plano nacional, a falta de respostas às reais necessidades das populações. A Mútua em particular continua a responder ao que lhe é exigido e a estar presente nas comunidades, não obstante as dificuldades e exigências cada vez maiores da atividade seguradora. Regista-se com pesar o aumento da sinistralidade e 3 mortes. As Jornadas do Grupo realizadas em Sines (objeto de artigo nesta edição) recuperaram a tradição interrompida pela pandemia, e revelam uma organização viva, dinâmica e com futuro. Um futuro que se garantiu ao longo de gerações, de que Frederico Pereira, dirigente da Mútua, falecido em setembro, foi um dos mais emblemáticos representantes. Por fim um registo sobre a pesca, que passa por grandes dificuldades com a falta de mão de obra no topo das preocupações, com a perspetiva da instalação das eólicas como uma nova sombra sobre o setor, a juntar-se às fragilidades já existentes.
Para o desenvolvimento do tema de capa desta edição “Energia renovável a que custo?” convidámos as organizações ambientalistas para uma reflexão sobre o tema, a ADAPI – Associação dos Armadores das Pescas Industriais, e também o Conselho de Administração da Mútua, que colhe a sensibilidade de diversos tipos de organizações do setor da pesca, foi chamado a pronunciar-se sobre o tema.
As organizações ambientalistas ANP, SCIAENA, SPEA e ZERO, não obstante concordarem com o princípio geral de desenvolvimento das energias renováveis, lamentam o modo como o processo tem decorrido sem o seu envolvimento (bem como da pesca e academia) sendo “fundamental que este desenvolvimento se proceda a par com o devido respeito pela conservação da natureza, de forma a cumprir os compromissos assumidos para travar a perda de biodiversidade e de acordo com as capacidades ecológicas dos ecossistemas.”
A ADAPI não tem dúvidas de que este é um processo que não traz quaisquer garantias para a sustentabilidade, e com muitos riscos para a pesca e ecossistemas, recordando que o próprio Parlamento Europeu, na sua Resolução de 7 de julho de 2021 “alerta para o facto de as energias renováveis marítimas apenas serem sustentáveis se não tiverem um impacto negativo no ambiente ou na coesão económica, social e territorial, especialmente nas regiões dependentes das pescas”.
A Mútua por seu lado, corrobora estes alertas, estando desde março deste ano empenhada em alertar e sensibilizar para estes riscos em diversos fóruns, considerando esta, mais uma página na “crónica de uma morte anunciada” do setor da pesca. “Mais conhecimento, informação e proximidade precisam-se. Serão passos fundamentais para ganhar a confiança das pessoas, bem como o nosso futuro coletivo, em qualquer dimensão que seja”.
Nesta edição a Mútua continua de Parabéns, desta feita pela medalha de mérito municipal recebida pela Câmara Municipal de Vila do Conde, “pela relevância demonstrada nos seus percursos e pelo seu inestimável contributo para a elevação do nome de Vila do Conde” (notícia na página 12). Foi também este ano que o Grupo Mútua retomou a organização das sua Jornadas de trabalho, decorridas em Sines, em Outubro, evidenciando a resiliência de uma organização que tem sabido acompanhar os tempos, sem perder a sua identidade, história e memória (notícia na página 14).
Destaca-se ainda nesta edição a nova rubrica “Coisa singelas dos navios e do mar” pelo Comandante António São Marcos, que irá ajudar-nos, edição a edição, a melhor compreender o rigor da terminologia técnica e vários aspetos associados às embarcações e aos sinistros marítimos, entre outros tópicos que abordará. Para descobrir na página 20.
Notícias várias
Pesca – investimentos seguros e outros
Assinala-se nesta edição o bota-abaixo de 5 novas embarcações da pesca artesanal, no Portinho da Ericeira, construídas nos estaleiros Penimar, em Peniche (para conhecer na página 22), e os novos órgãos sociais do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul, eleitos sob o mote “unir para intervir” (página 7). Boas notícias num setor tão sedento delas, sinais de vitalidade e dinamismo!
Mais distante desta realidade está a Ilha da Reunião, objeto de referência nesta edição, a propósito da Assembleia geral do Conselho Consultivo para as Regiões Ultraperiféricas (CCRUP) da União Europeia (UE), que a Mútua integra, e do alerta da Presidente do Governo Regional da Reunião, demonstrando toda a sua indignação pela forma como a Política Comum de Pescas tem sido aplicada nas regiões ultraperiféricas da UE. As Regiões “Ultraperiféricas” da UE foram justamente criadas para implementar medidas especiais que atenuassem as limitações associadas ao seu isolamento geográfico em relação aos países da UE de que são parte integrante (seja na qualidade de “regiões autónomas” como o arquipélago dos Açores e Madeira, ou como os 5 “departamentos ultramarinos franceses”, como a Reunião).
Associações em destaque
Destaque para a nova Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão, que nasceu para “homenagear todos os pescadores, homens e mulheres que em tempos muito difíceis lutaram e trabalharam nesta indústria (conservas)”. Em artigo nesta edição, na página 8.
Atividade seguradora
Destaque para os ramos Multirriscos Habitação, Condomínio e PME, e para alterações efetuadas aos produtos Mútua para estes ramos, e ainda para a nova coluna da responsabilidade do Provedor do utente em exercício, onde se esclarece o âmbito da sua intervenção nas próximas edições, para acompanhar na página 19.
Arte e cultura marítima
Construção Naval… arte como ofício de vida, de José Arsénio; Sardinha, o sem fim da pesca do cerco – Uma homenagem às artes e aos homens do mar da sardinha, de Helder Luís; e Círio de Nossa Senhora da Tróia, de José António Carvalho, são as mais recentes obras apoiadas pela Mútua que se destacam nesta edição, que convocam as identidades locais das comunidades costeiras e as culturas marítimas (página 34).
Para além destas obras contemporâneas a Mútua apoiou ainda a edição comemorativa do centenário d´Os Pescadores, de Raúl Brandão, uma edição especial com ilustrações de Marta Nunes, da editora Página a Página, um pretexto para recolocar a pesca e os pescadores no debate público.
Desportos náuticos e portos em destaque
Com o apoio dos respetivos municípios, trazemos de Portimão a organização do campeonato do mundo de vela adaptada, “em nome da inclusão”, mostrando que o mar não tem limites! E de Setúbal a realização do Encontro do Mar, para assinalar os 100 anos do Porto de Setúbal. No primeiro caso destacando o papel da Associação Teias d’Impulso, e no segundo a Associação Economia Azul. Temas para explorar nas últimas páginas da Revista.
Homenagens
Despedimo-nos com profundo pesar de Frederico Pereira, dirigente da Mútua e grande ativista sindical pela defesa dos trabalhadores da pesca, que faleceu em setembro, deixando uma marca profunda em todas as organizações que serviu (artigo na página 6).
Homenageamos também António Alves Cabrita, antigo pescador dos bacalhoeiros e autor do Livro “Diário de um pescador do bacalhau”, uma obra que a Mútua acarinhou desde a primeira hora (artigo na página 9).
Aos familiares e entes queridos de ambos enviamos as mais calorosas saudações.
Agradecimentos: A Marés contou como sempre com a colaboração de diversas pessoas e entidades que garantem edição após edição a continuação deste projeto. Nesta edição, para além dos autores dos artigos e das pessoas, organizações e entidades referenciadas, o nosso agradecimento à Docapesca, e aos anunciantes presentes: Seatec, Ad Mare Solutions e Furuno.