Contratos de abastecimento direto, negociados entre as organizações de produtores e as conserveiras, região a região, irão definir preços e quantidades.
“É o recuperar de uma ligação umbilical que existia entre a produção e a indústria e que, por força da redução drástica das quotas, se quebrou e que, agora, com a recuperação do recurso, estamos a tentar reanimar para que a nossa produção tenha o melhor aproveitamento possível”, afirmou, ao Jornal de Notícias, o presidente da Anopcerco, Humberto Jorge, lembrando a importância da sardinha para o setor das pescas, já que é “a espécie mais abundante na costa portuguesa”.
Numa altura em que a candidatura da sardinha ibérica à certificação MSC (Marine Stewardship Council) ganha força, as duas associações querem incentivar estes contratos para que, logo que possível, as conservas portuguesas possam ostentar aquele rótulo de sustentabilidade.
Recorde-se que, não obstante os avanços e recuos deste processo (objeto de uma monitorização complexa e muito exigente por parte dos organismos internacionais), que levaram Portugal a perder em 2014, a certificação MSC, a pesca da sardinha em Portugal foi a primeira pescaria portuguesa a ter o certificado de sustentabilidade MSC, em 2010, e é considerada um bom exemplo “de como o programa MSC é um incentivo para que as diferentes partes interessadas, produtores, administração, empresas e cientistas, trabalhem juntamente a favor da sustentabilidade das pescarias”. (Laura Rodríguez, responsável do MSC em Portugal e Espanha)
“…O esforço realizado pela Comissão da Sardinha Portuguesa é um exemplo de como responder a alterações preocupantes no estado de uma unidade populacional pesqueira. Lamentavelmente a biomassa não está a responder como se esperava mas devemos continuar a trabalhar em estreita colaboração para assegurar a sustentabilidade da pescaria. Esperamos que as numerosas empresas de todo o mundo que se abastecem de sardinha certificada desta pescaria, a apoiem neste difícil processo e o certificado possa restabelecer-se o mais rapidamente possível.”
Diz ainda este organismo que a suspensão foi provocada pelo considerado “baixo nível da unidade populacional de sardinha ibérica, que não recuperou ao ritmo esperado, apesar do esforço para assegurar uma gestão sustentável do recurso realizado pela pescaria e pelas instituições portuguesas”, tal como foi reconhecido publicamente.
A aposta da Anopcerco é então que o trabalho em curso, com os produtores do cerco da Galiza e Cantábria, dê frutos, para uma certificação conjunta da sardinha ibérica, com o eco rótulo MSC.
Fontes:
Jornal de Notícias on-line: https://www.jn.pt/7725471695/pescadores-e-conserveiras-chegam-a-acordo-na-sardinha/
Site MSC/Portugal: https://www.msc.org/pt/noticias-e-blog/comunicados-de-imprensa/comunica%C3%A7%C3%A3o-sobre-a-suspens%C3%A3o-do-certificado-msc-da-sardinha-de-cerco-portuguesa-
Relacionados com a questão da certificação: https://www.mutuapescadores.pt/sardinha-a-caminho-de-uma-certificacao-sustentavel/