A Anopcero fez saber que não obstante não se ter realizado o Encontro previsto para 17 de março, as organizações da pesca do cerco de Portugal e Espanha emitiram um comunicado para ser entregue aos Governos dos dois países, reforçando a urgência de se aumentar a capacidade de captura para as doze mil toneladas até ao final de julho, tendo em conta as evidências científicas da recuperação do recurso sardinha nas águas atlânticas da Península Ibérica.
Os tempos estão difíceis para o setor da pesca que, entre outros, vê ainda mais enfraquecida a sua capacidade de resposta a problemas já estruturais como a desvalorização do pescado, e se depara com as novas dificuldades em garantir que o trabalho a bordo das embarcações se faça com as condições segurança e saúde necessárias, para reduzir o risco de contágio pelo COVID-19. Na frota do cerco, vive-se também a incerteza relativamente às possibilidades de captura, que levou uma vez mais as organizações do cerco de Portugal e Espanha a unirem esforços junto dos seus Governos, no sentido de reconhecerem o esforço do setor nos últimos 5 anos que “contribuíram para os excelentes resultados que estão a ser obtidos na recuperação do recurso sardinha nas águas atlânticas da Península Ibérica”.
No documento final entregue aos Governos dos dois países, as organizações baseiam-se uma vez mais nos dados científicos produzidos pelos organismos competentes dos dois países relativos aos níveis de recrutamento de sardinha, bem como os dados divulgados pelo ICES sobre a situação do stock ibérico de sardinha, relativamente ao aumento dos níveis de biomassa desde 2015.
Sustentam no comunicado que “com base em toda a informação científica muito positiva produzida e validada em 2018 e em 2019, reforçada pelas boas expectativas existentes para os resultados da campanha PELAGO2020 realizada em março do corrente ano, os produtores de sardinha de Portugal e de Espanha desejam que os governos de Portugal e de Espanha assumam com frontalidade estes bons resultados, e que, no quadro da sua responsabilidade de gestão deste importante recurso ibérico, promovam um total autorizado de captura de sardinha para 2020 compatível com a devidamente comprovada melhoria significativa da sua abundância nas águas ibéricas e com os princípios de gestão que integram o Plano Plurianual de Gestão e Recuperação”.
Os pescadores corroboram no terreno as campanhas científicas mais recentes que indiciam a abundância de sardinha no mar, na costa portuguesa e galega, e salientam mesmo o caráter fora do normal dessa abundância, tal a sua grande dimensão.
E como ponto de partida as organizações defendem a necessidade de definir um limite global de captura de sardinha de 12 mil toneladas, até 31 de julho, para o conjunto dos dois países, e depois disso, de acordo com os resultados que vierem a ser divulgados pelas últimas campanhas científicas dos dois países.
As organizações manifestam ainda a sua preocupação relativamente às dificuldades que se avizinham com o Verão comprometido no que respeita ao consumo de pelágicos que tem nesta época do ano o seu ponto alto, assinalado como é tradição com as festas dos Santos Populares, já canceladas. E neste contexto reforçam a necessidade de “um urgente e aprofundado debate sobre os cenários que vão estar na mesa durante esses meses, e quais as ferramentas e os instrumentos existentes para apoiar especificamente a pesca da sardinha nos dois países”, utilizando, se necessário as medidas em curso propostas pela Comissão Europeia e que estão a ser consolidadas pelos Estados membro.
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