100 maiores cooperativas – Dados de 2020
“As 100 Maiores Cooperativas – 2020” é o Relatório da autoria de Eduardo Pedroso, produzido pela CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, que pretende dar continuidade ao trabalho resultando do tratamento de informação anual recolhida através do Portal de Credenciação da CASES e da solicitação aos organismos competentes de informação sobre o sector cooperativo das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Como os anteriores inclui uma secção dedicada aos principais rácios económico-financeiros, comparações com o ranking anterior e o contributo destas Cooperativas para alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em particular o ODS 8 – Trabalho digno e Crescimento Económico e o ODS 5 – Igualdade de Género.
Neste caso em particular pretende-se ainda disponibilizar informação que contribua para o maior conhecimento e reconhecimento sobre o Setor Cooperativo, de particular relevância para o ano de 2020 considerando os efeitos sociais e económicos provocados pela pandemia do novo coronavírus.
São seis os ramos cooperativos representados, Agrícola (80 cooperativas), Ensino (9), Comercialização (6); Serviços (3), Pescas (1) e Crédito (1). Em termos de volume de negócio, o ramo Agrícola representa 58,5% do total das 100 maiores, e a Comercialização mais de um terço, com 34,4%. Seguem-se as 9 cooperativas de ensino, que representam 5,3% do total, e o restante é distribuído da seguinte forma:
Ao contrário do observado no relatório de 2019, mais de metade das Cooperativas listadas diminuiu o seu Volume de Negócios entre 2019 e 2020, o que acompanha a retração sentida na Economia Nacional onde, segundo dados do INE, o Volume de Negócios das empresas (excluindo as atividades financeiras) diminuiu 10,00% em 2020. Contudo esta diminuição foi menor nas cooperativas – de 7,9%.
Em termos de emprego, em média cada Cooperativa na Lista das 100 maiores empregou em 2020 cerca de 80 trabalhadores, menos nove que na lista de 2019, uma redução que acompanha a economia nacional, mas que nas Cooperativas reflete a redução efetiva em 35 cooperativas, entre 2019 e 2020, já que as restantes aumentam (39) ou mantém (23), sendo que 3 não prestaram essa informação. O ramo Agrícola mantém a maior fatia emprego gerado, com mais de metade dos postos de trabalho em análise, seguindo-se o Ensino que apresenta o maior número médio de trabalhadores por cooperativas. No seu conjunto as 100 maiores Cooperativas de 2020 geraram 8 004 postos de trabalho.
Tal como tem sido a marca diferenciadora das cooperativas, mantém-se os níveis elevados de liquidez, solvabilidade e autonomia financeira e baixas taxas de endividamento. Mais de metade apresenta uma Liquidez acima dos 150%; um terço apresenta elevada Solvabilidade (acima dos 150%); perto de metade apresenta uma Autonomia Financeira superior a 50%; a maioria apresenta níveis de Endividamento inferiores a 50%.
Os Resultados Líquidos das 100 maiores Cooperativas, no seu global, ascenderam a € 38,19 milhões de euros, superando, em termos nominais, o resultado da lista de 2019 em 3,1%, e é o ramo Agrícola que também neste indicador representa a maior fatia, com quase 60% do total.
(ODS) da Agenda 2030, aprovados pela maioria dos países do mundo em setembro de 2015, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, e o Relatório foca-se no ODS 5 – Alcançar a igualdade de género e ODS 8 – Promover o crescimento económico inclusivo e sustentável:
- Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública;
- Até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor;
- Até 2020, reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou formação;
- Proteger os direitos do trabalho e promover ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores migrantes, em particular as mulheres migrantes, e pessoas em empregos precários.
Para a mensuração das três primeiras metas, considerou-se como indicadores a proporção feminina e de jovens (trabalhadores com idades entre os 15 e os 24 anos de acordo com o referencial definido pelas Nações Unidas) no total de trabalhadores das Cooperativas listadas e a proporção de mulheres no total dos órgãos de administração. Contributos para a quarta meta poderão ser medidos considerando o tipo de contratos de trabalho promovidos pelas Cooperativas.
Temos assim 8,5% de mulheres nos órgãos de Administração, considerando 398 elementos no total, valor muito alinhado com o identificado no ranking de 2019 (-0,1 p.p).
3,7% dos trabalhadores das 100 maiores cooperativas são jovens, entre os 15 e 24 anos, o que se revela ligeiramente inferior à percentagem identificada na lista de 2019 (-0.1 p.p) e continua assim inferior ao registado na economia nacional no mesmo ano, onde 5,5% da população empregada tinha entre 15 a 24 anos. As cooperativas do ramo da Comercialização está nesta ordem de percentagem. Crédito não tem trabalhadores nesta faixa etária.
73,6% dos trabalhadores das cooperativas têm um contrato sem termo, o que fica quase nove pontos percentuais abaixo da percentagem nacional em 2020, de 82,2%.
De salientar que 21 Cooperativas celebraram contratos permanentes com todos os seus trabalhadores, menos duas que em 2019. Apenas cinco Cooperativas apresentavam um peso dos empregados com contratos sem termo inferior ou igual a 30%, entre as quais somente uma não tinha nenhum trabalhador com um contrato sem termo.
É a segunda mais antiga do ranking, com menos 12 anos do que a CEVE – Cooperativa Elétrica do Vale d’Este, de Braga, ramo serviços, em atividade desde 1930!
Relatório pode ser acedido aqui: https://www.cases.pt/wp-content/uploads/2022/06/100-MAIORES-COOPERATIVAS-2020.pdf
