Procissão do padroeiro dos pescadores de Sesimbra

SENHOR JESUS DAS CHAGAS
Reportagem fotográfica

O culto ao Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores, remonta, segundo a tradição oral, a 4 de maio de 1534, e é considerada a festividade mais importante para a comunidade marítima sesimbrense.

O dia 4 de maio é o ponto alto das celebrações, dia de feriado municipal, dia da Procissão marítima que percorre as ruas da vila de Sesimbra, com a imagem do Padroeiro dos Pescadores, desde a Igreja Matriz até à Capela da Misericórdia. As ruas engalanadas para o efeito, com o chão coberto por alecrim e as colchas nas varandas.
O momento mais esperado é quando a procissão pára na Baía, no Largo da Marinha, e se faz a bênção ao mar e às embarcações de pesca, que estão também vestidas a rigor, saudando o “Senhor que abençoa a terra e o mar”.

A Festa é organizada pela Irmandade do Senhor Jesus das Chagas, e engloba também uma feira, que decorre de 29 de abril a 8 de maio, na Avenida da Liberdade, e espetáculos de música.

Tradição oral
Na tradição oral, conta-se que a imagem foi encontrada por pescadores, num caixote, numa pedra alta da praia de Sesimbra em 1534, uma pedra que se tornou também local de culto e que dizem ficar sempre visível, mesmo quando a maré enche.
Algumas fontes indicam que a imagem deu à costa, transportada por um galeão Inglês que naufragou na costa Portuguesa.
Numa tenda improvisada no local, deu-se início ao culto.
Conta-se também que à imagem faltava um braço, que foi mandado fazer em Lisboa, mas que nunca encaixou bem na imagem… junta-se então outro elemento à história que hoje é contada, de que o braço foi mais tarde encontrado por uma velhinha que passeava na praia, e que pensando tratar-se de um simples tronco de madeira levou-o para casa para fazer lume… estranhou o tronco não arder, e apercebeu-se de que tinha a forma de um braço. Foi de imediato mostrá-lo ao padre da Vila e concluíram que se tratava do braço da imagem encontrada… (noutra versão o braço original foi encontrado por pescadores).
Vem então também a associação (também propagada, mas menos popular) com o que se passava no mundo católico à época, que vivia as convulsões provocadas pelas contestações à igreja de Roma, no caso em concreto, em Inglaterra, com a afirmação da igreja Anglicana, pelo rei Henrique VIII. Conta-se então que terá sido a própria rainha, Catarina de Aragão, a lançar as imagens à água, encaixotadas, e uma delas foi parar precisamente… a Sesimbra.
O dia 4 de maio terá sido o dia em que a velhinha encontrou o braço perdido, e o dia “escolhido” pela comunidade para celebrar o seu Senhor das Chagas.

Fontes: http://www.academia.edu/29506043/A_LENDA_DO_SENHOR_DAS_CHAGAS_E_A_CONSTRU%C3%87%C3%83O_DO_SANTU%C3%81RIO_DE_SESIMBRA_por_Ruy_Ventura ; http://viladesesimbra.blogspot.pt/2008/04/festa-em-honra-do-senhor-jesus-das.html; https://btrp.blogs.sapo.pt/2614.html; e Site CM Sesimbra – http://www.cm-sesimbra.pt/frontoffice/pages/1077?news_id=4816 (15/5/2018)

As fotografias que aqui trazemos são da autoria de Miguel Lourenço, natural de Sesimbra, amante confesso de tudo o que ao mar e às pescas diz respeito, e dirigente da Mútua do Conselho Regional de Sul.

E se de Sesimbra formos por estes dias a Matosinhos, encontraremos também no Bom Senhor de Matosinhos, evocado neste Concelho, entre 11 de maio e 3 de junho, uma história que acolheu alguns destes elementos ao longo dos tempos, e que remonta para o mesmo período de convulsões sociais e religiosas… mas isso ficará para cada um descobrir! A procissão decorre no dia 20 de maio.