Vítor Sobral a bordo do Mónica Sofia, Cascais
Quando a arte culinária se junta às melhores matérias primas o resultado só pode ser… divinal! Isso mesmo quer provar Vítor Sobral, célebre chefe de cozinha português, que procura para a sua cozinha o melhor que a terra e o mar têm para dar, e sempre que consegue, diretamente dos produtores.
Assim foi quando embarcou em Cascais, a bordo da embarcação de pesca local “Mónica Sofia”, cuja tripulação, segura na Mútua, o recebeu certamente com muito orgulho! A bordo do barco pode experienciar um dia de faina, e partilhar também com os jornalistas do Diário de Notícia (1), a sua perceção e sensibilidade sobre esta atividade e os seus profissionais, sem esconder uma imensa admiração e reconhecimento!
“Hoje é um dia fantástico, um dia de praia, mas a maior parte das vezes, ir à pesca não é ir à praia. É uma luta diária que os pescadores têm para nós termos a qualidade fantástica que temos de peixe em Portugal”, referiu, acrescentando como “merecem um diferente reconhecimento de quem come o peixe deles”. E o mestre da cozinha vai tentar fazer isso mesmo, procurando levar o que de melhor existe nos nossos mares, durante a mostra gastronómica que estará patente em Lisboa, no âmbito do evento “Regata Portugal” (2), entre os dias 3 e 7 de outubro, no novo Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia.
“Tendo a extensão que temos de mar, acho que tiramos pouco partido dele. Esta é uma forma que tenho de, na minha dimensão, mostrar que é possível fazer muito mais”, mas não é fácil, confessa Vítor Sobral, ir diretamente aos produtores, já que “os mecanismos comerciais não estão preparados para isso”. Contudo, tem “cada vez mais a preocupação de entender e estar próximo de quem fornece as matérias-primas”, seja do pescador ou do agricultor. “Acho que é importante nós transmitimos ao cliente a importância que tem uma boa matéria-prima” afirmou, e no que respeita ao peixe que vem diretamente do pescador garante: “E nem é a forma de cozinhar. Um bom peixe só precisa de sal. Às vezes nem isso!”
Vítor Sobral reiterou também aquilo que os pescadores e suas organizações contestam há tanto tempo, que é a forma como é feita a formação dos preços do pescado: “Em Portugal há muitos intermediários. A diferença é abismal de quem no fundo arrisca a vida e depois de quem comercializa, que também tem os seus custos”… “Saiu uma traineira, pescaram uma quantidade significativa de corvinas e foi à lota a 90 cêntimos/um euro. Depois, no supermercado, estava a 12/13.”