No verão, em várias localidades piscatórias, proliferam as festas religiosas e populares que reúnem comunidades em momentos de devoção e lazer.
A norte, pescadores poveiros reúnem-se na Festa D’Assunção na Póvoa do Varzim, em honra da sua padroeira. Os festejos religiosos, com destaque para a “grandiosa procissão”, atraem devotos e juntam centenas de pessoas nas avenidas da cidade. Por sua vez, pescadores de Setúbal rumam a Tróia para prestarem devoção à Nossa Senhora do Rosário de Tróia.
A festa consiste num acampamento no areal da Caldeira de Tróia dinamizado com inúmeras atividades religiosas e lúdicas. O círio fluvial, composto por barcos engalanados que transportam na sua proa diversas figuras religiosas às quais pescadores prestam culto, é o ponto alto dos festejos. Este círio, que envolve meia centena de barcos, é motivo de atração turística e religiosa em ambas as margens do Sado. Também em Peniche existe uma emblemática festa, a Festa da Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira dos pescadores. À semelhança da festa dos pescadores setubalenses, a procissão marítima é o ponto alto dos festejos, com a particularidade ser o único círio do país que se realiza à noite, com as embarcações iluminadas a preceito. Além desta procissão, há momentos de convívio, como a tradicional sardinhada, e de animação musical. Uma iniciativa diferente é o recente Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo. Trata-se de um cortejo religioso com apenas 3 anos de existência em honra de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo (imagem consagrada em 2013 pelo Exmo Bispo de Santarém). Este cruzeiro insere-se num projeto de valorização da cultura Avieira, promovido pelo Instituto Politécnico de Santarém, e pretende representar o antigo trajeto que os pescadores faziam, nos chamados barcos de água acima, desde as Portas do Ródão até ao estuário do Tejo.
O que revelam estas festas e tradições dos pescadores? Revelam que comunidades piscatórias, apesar do quadro de crise vivido na atividade, persistem e unem-se em torno das suas tradições e festas depositando nelas a esperança de um futuro melhor.