Entidades da Economia Social em Portugal contam com mais de 20 milhões de associados.

Inquérito ao Setor da Economia Social revela que, em média, cada português é membro de duas entidades da Economia Social.

O INE lançou em junho de 2019 o Inquérito ao Setor da Economia Social (ISES), uma novidade no âmbito do Sistema Estatístico Nacional (SEN), que surgiu na sequência da realização, em 2017, do Inquérito às Práticas de Gestão (IPG) das sociedades não financeiras, e que pretendeu abarcar as questões específicas das organizações da economia social – Cooperativas, Associações mutualistas, Misericórdias, Fundações, IPSS e Associações com fins altruísticos. Um trabalho desenvolvido com a colaboração da CASES-Cooperativa António Sérgio para a Economia Social. A Mútua foi uma das entidades que participou no inquérito.

Para além da análise das práticas de gestão, o inquérito pretendeu divulgar outro tipo de informação que possibilita uma caracterização mais detalhada do setor, nomeadamente em termos das atividades desenvolvidas, composição interna, relações com entidades do setor público e privado, indicadores de medição do impacto social destas entidades e modalidades de financiamento. Subdividiu-se em três módulos principais: A – Caracterização da entidade, B – Práticas de gestão da entidade e C – Informação sobre o membro da direção de topo responsável pela informação. Foi realizado entre junho e setembro de 2019, tendo o ano 2018 como período de referência das respostas. O inquérito foi lançado a uma amostra de 6 019 entidades da ES, tendo sido consideradas neste estudo 3 550 respostas válidas (59,0% da amostra). (Inquérito ao Setor da Economia Social – 2018, INE, Apresentação do documento no site do INE e Introdução do documento)

Destaca-se assim que as mais de 60 mil entidades da ES reúnem cerca de 20,5 milhões de cooperadores, associados ou irmãos e 1,1 milhão de organizações (pessoas coletivas). Estes dados revelam assim que o número de pessoas associadas a entidades da ES equivale ao dobro da população residente em Portugal nesse ano.

Todos os concelhos do país registam a presença de entidades da ES, sendo que cerca de 37% destas identifica como principal área geográfica de atuação o nível nacional e 64% como principal utilizador, beneficiário ou cliente, o público em geral. Sobressai também que a maioria desenvolve trabalho em rede ou em parceria, destacando-se o Sector Público e o Setor da ES como os principais parceiros.

Observa-se também que 81% das pessoas ao serviço nas entidades da ES têm contratos de trabalho sem termo, mais de 70% têm horário fixo e são menos de 1/3 as que recebem o salário mínimo nacional. No âmbito do trabalho voluntário, verifica-se que são realizadas ações de voluntariado em todas as “famílias” da ES, sendo de salientar que quase 30% dessas ações inserem-se nos domínios da cultura e defesa do património e que em cerca de 40% das entidades os voluntários estão abrangidos por seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil.

O ISES revela também que mais de metade destas organizações utiliza indicadores-chave para a monitorização/avaliação do desempenho da sua atividade e implementa medidas de responsabilidade social, porém, apenas cerca de 7% utilizam métodos de medição do impacto social. De notar igualmente que cerca de metade das entidades do setor não tem website ou página eletrónica, embora quase 2/3 utilize as redes sociais.

De acordo com os dados reportados, os três principais meios de financiamento das entidades de ES são as transferências ou subsídios (28%), as prestações de serviços (22%) e os empréstimos (19%). Constata-se também que apenas 5,5% obtém financiamento de fundos comunitários ou outros semelhantes.

Os resultados do ISES incluem igualmente uma análise do contributo das entidades da Economia Social para cinco dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

Realça-se o objetivo de alcançar a igualdade de género (ODS 5), verificando-se que, segundo o ISES, cerca de 70% dos membros da direção de topo e 78% dos dirigentes de topo das entidades da ES são do sexo masculino, embora seja importante referir que as pessoas ao serviço com funções de dirigente (dirigentes intermédios) são maioritariamente do sexo feminino (62%).
No que respeita à promoção do crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos (ODS 8), de acordo com o confronto entre dados do Relatório Único (Quadros de Pessoal) 2018 e o ISES, o ganho médio horário no total das entidades da ES é inferior ao observado no total da Economia Nacional, sendo o ganho médio horário das mulheres inferior ao dos homens em todas as “famílias” da ES. Contudo, observa-se que mais de 70% destas organizações pratica políticas de remuneração não discriminatórias segundo o sexo dos trabalhadores.

Esta publicação evidencia ainda, com base em dados das três edições da Conta Satélite da Economia Social (CSES), a importância do papel que o setor da ES tem no cumprimento do ODS 10 (Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países), na medida em que uma parte significativa do Valor Acrescentado Bruto da ES é destinada a remunerações (89,7% em 2016), percentagem muito superior à observada na Economia nacional (50,5% em 2016).

(fonte: informação da CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social)

Infografia do Questionário Relatório em PDF aqui

Consultar site do INE 

 

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