“Está confirmado! Os pescadores de Portugal e Espanha tinham razão!” Os dados divulgados pelo Instituto Português do Mar e Atmosfera confirmam a recuperação da sardinha para valores de biomassa que se esperariam atingir apenas em 2023!
De acordo com Relatório do IPMA divulgado a biomassa de sardinha com mais de um ano de idade aumentou 153% em 2020 face a 2019 (de cerca de 152 mil toneladas para as 385.202 toneladas), sendo que o objetivo traçado pelo Plano Plurianual de Gestão e Recuperação do Stock de Sardinha Ibérica era alcançar, no início de 2023,um total de biomassa de sardinha com mais de um ano (B1+) nas águas atlânticas da Península Ibérica de 269.958 toneladas.
Os pescadores, em comunicado emitido pela Anopcerco, manifestam-se “particularmente orgulhosos” com estes valores, “prova clara de que os sacrifícios feitos pelo setor nos últimos cinco anos deram resultado e que contribuíram para que a sardinha ibérica atingisse os objetivos de sustentabilidade” (nível MSY–Rendimento Máximo Sustentável) preconizados pela União Europeia, depois de mais de 10 anos em que se situou abaixo daquele limite, tendo atingido o seu mínimo em 2015 com 117.929 toneladas.
Consideram também, no mesmo comunicado, e na linha do que foi também preconizado pela Federação dos Sindicados da Pesca (ver notícia neste site), que as 9.500 toneladas fixadas para a safra de junho a julho (ver também notícia e Decreto-lei neste site), são meramente indicativas e que deverão ser reformuladas à luz destas evidências, defendendo para o resto do ano a quota de 30.000 toneladas como valor de referência, em sintonia com o que foi igualmente defendido pela Federação.
Na base deste relatório está a campanha de investigação PELAGO 2020, realizada pelo IPMA, no Navio de Investigação “Miguel Oliver” entre os dias 4 e 25 de março, para aferir a quantidade de sardinha existente na costa portuguesa e golfo de Cádis, e cujos resultados foram apresentados aos pescadores numa videoconferência realizada durante o final da tarde e noite de sexta-feira, dia 22 de maio. Campanha que vem dar continuidade às campanhas científicas realizadas em 2018 e em 2019, quer pelo IPMA, quer pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), que vinham já evidenciando estes resultados positivos.
Resultados estes que foram sendo também corroborados pelos profissionais a bordo das embarcações de pesca, com evidências da abundância de sardinha nos mares ibéricos, tantas vezes referida.
A Anopecerco espera agora que a comunidade científica e o Governo “promovam com rapidez e com clareza a qualidade dos dados agora divulgados pelo IPMA, por forma a eliminar de uma vez por todas o conjunto de teses catastrofistas que foram largamente difundidas e que se encontram totalmente desajustadas da situação atual do recurso sardinha ibérica nas águas atlânticas”.
Fontes: Lusa, Comunicado da Anopcerco, 22 de maio