Atividades ligadas ao mar têm desempenho acima da economia nacional

Conta Satélite do Mar 2016-2018

A Conta Satélite do Mar (CSM), publicada pelo INE a 16 de novembro, por ocasião do Dia Nacional do Mar, dá conta de um maior dinamismo das atividades ligadas ao mar, relativamente a outros setores da economia nacional.

No âmbito da Conta Satélite do Mar (CSM) foram identificadas aproximadamente 53 mil entidades, cuja atividade representou, em média, 3,9% do Valor Acrescentado Bruto (VAB), no triénio 2016-2018, e 4,0% do emprego (Equivalente a Tempo Completo – ETC) da economia portuguesa, no período 2016-2017. As atividades económicas consideradas na CSM apresentaram um desempenho acima da economia nacional: entre 2016 e 2018, o VAB cresceu 18,5% (o VAB nacional aumentou 9,6%) e entre 2016 e 2017 o emprego aumentou 8,3% (na economia nacional a variação foi +3,4% no mesmo período).

As atividades caraterísticas, como a pesca e aquicultura, a salicultura, a construção naval, a atividade portuária, os transportes marítimos, as obras costeiras, a náutica, etc. representaram 45,8% do total de VAB da EM e mais de metade do emprego da EM (51,2%). As atividades transversais, isto é, os equipamentos e serviços marítimos, corresponderam a 13,8% do VAB e 12,6% do emprego na EM. As atividades favorecidas pela proximidade do mar, ou seja, atividades associadas ao turismo costeiro, corresponderam a 40,4% do VAB e a 36,2% do emprego na EM. A importância relativa destas atividades aumentou significativamente face à primeira edição da CSM (representavam 26,1% do VAB e 27,2% do emprego, em 2013), refletindo o forte crescimento da atividade turística a nível nacional no triénio 2016-2018.

No que respeita à balança comercial deste setor, entre 2016 e 2018, as importações de produtos na EM corresponderam a cerca de 3% do total de importações da economia nacional, tendo aumentado 7,0% nesse período, enquanto o total das importações cresceu 21,1%. As exportações de produtos da EM representaram, aproximadamente, 5% do total das exportações, tendo crescido 21,8%, mais 2,9 p.p. do que as exportações nacionais.

Nas importações, os itens mais relevantes foram os produtos alimentares (produtos transformados, destacando-se o peixe fresco, refrigerado ou congelado e crustáceos, o peixe seco, salgado ou em salmoura; peixe fumado e, ainda, as conservas e outras preparações de peixe), seguidos dos serviços de alojamento e dos produtos da pesca e da aquicultura. Nas exportações de produtos da EM, destaca-se a prevalência dos serviços de alojamento. Os produtos alimentares surgem em segundo lugar, seguindo-se os serviços de restauração.

Note-se que na anterior edição da CSM os produtos alimentares ocupavam a primeira posição na estrutura das exportações, entre 2010 e 2013, enquanto os serviços de alojamento ocupavam a segunda posição (representando, respetivamente, 32,0% e 24,7% do total das exportações Mar).

Uma clara alteração de dinâmicas e de comportamentos, numa tendência que é transversal a outras atividades, com o crescimento do turismo e atividades conexas.

A despesa de consumo final das famílias em produtos da EM aumentou 8,2% em 2017, tendo o peso relativo na economia nacional crescido de 6,0% para 6,2%. Para a média do período 2016-2017, as despesas das famílias em produtos da EM incidiram, sobretudo, nos produtos alimentares, seguindo-se os serviços de alojamento e os produtos da pesca e da aquicultura.

Madeira e Açores
Em 2016-2017, a EM representou, em média, 10,3% do VAB da Região Autónoma da Madeira. Por níveis de observação, verificou-se um claro predomínio das atividades favorecidas pela proximidade do mar, ou seja, atividades associadas ao turismo costeiro, que constituíram 77,5% do VAB e 75,4% do emprego.
Nos Açores a EM representou, em média, 7,5% do VAB Regional. Por níveis de observação, destaca-se o peso significativo das atividades caraterísticas (como a pesca e aquicultura, a náutica, a construção naval, as obras portuárias e de defesa costeira, a atividade portuária, os transportes marítimos, etc.), que corresponderam a 85,4% do VAB e 94,6% do emprego na EM.

Portugal e restantes países Europeus
As comparações com outros países devem ser feias com prudência, alerta-se na publicação do INE, na medida em que Portugal é o único país europeu com uma Conta Nacional desta natureza, e os critérios utilizados nas estimativas que existem sobre o valor da economia dos oceanos ao nível global e regional, bem como vários estudos isolados efetuados por alguns países, que tentam quantificar a importância relativa do mar na economia (em termos de VAB/PIB e emprego), não são os mesmos. Contudo, a partir da leitura do Relatório da Comissão Europeia sobre a Economia Azul, (The EU Blue Economy Report 2020), com os resultados agora obtidos na CSM, em 2018, Portugal posicionava-se entre os Estados-membros da UE em que a EM tem uma importância relativamente elevada, incluindo-se num grupo de mais dois países (Dinamarca e Estónia) com pesos na ordem dos 4% do VAB.

Nota: Artigo a partir da Publicação do INE – Destaque – Conta Satélite do Mar 2016-2018, de 16 de novembro que pode ser lida aqui.